O mistério dos velhinhos 'vampiros'

Criança tem uma imaginação que eu tenho certeza que, se gerasse força, seria capaz de fornecer energia para uma cidade inteira e a minha, claro, não era diferente.

Na minha rua tem um casal de velhinhos que moram hoje numa casinha bem ajeitadinha, de muros verdes e àrvores bem cuidadas, mas nem sempre foi assim. Eles eram, na minha infância, as pessoas mais misteriosas desse mundo. Eu jurava que eles tinham um quê de vampiros, mas ao mesmo tempo, eu não queria acreditar nisso. Eles tinham uma aparência tão inocente.

Lá pelos meus 10 anos, eu comecei a ir para a escola sozinha. A escola fica na minha rua e por consequência, eu passava, todos os dias, na porta da casa dos 'vampiros'. A casa, naquela época, não era ajeitada. Era feia, tinha um quintal mal-cuidado e as árvores não eram tão verdes quanto as do restante da vizinhança. Mas o que mais intrigava no casal de velhinhos 'vampiros' é que eu raramente os via. Intrigava-me o fato de eu nunca vê-los na padaria, no açougue, no supermercado, na farmácia, no posto de saúde, em lugar nenhum. As raras vezes que eu os via, o velhinho estava capinando o quintal feio de sua casa feia e a velhinha estava varrendo a porta feia de sua casa feia. Era um absurdo para a minha mente jovenzinha. Mas a vida foi seguindo e fui alimentando na minha cabeça o fato de que ou o casal era mesmo vampiro e só saía às compras à noite, quando todo mundo já estava dormindo, ou eles tinham um compartimento secreto em casa, onde eles tinham tudo que precisavam, e quanto mais usavam, mais tinham.

Fato é que, como disse, a vida foi seguindo. Hoje eu sou adulta e ando muito mais pelo bairro do que antes. Passo pela casa dos 'vampiros' muito mais vezes que antes. Com o passar dos anos, fui vendo-os mais, não com tanta frequência quanto vejo os meus outros vizinhos, mas vi o velhinho arrumando a casa que hoje já nem é mais feia e a velhinha, algumas vezes, no sacolão. Mas é só! Talvez eles não sejam vampiros, talvez eles não tenham um compartimento secreto em casa, mas eu juro e descubro que há algo de estranho com aqueles velhinhos. Ah, tem!

beijos,
Deb

P.S.: Não me venha falar de Crepúsculo e derivados aqui. Eu odeio essa 'saga' toda e o título do post nada atem a ver com essa febre idiota! #toleranciazero

2 comentários:

Juliana disse...

Todo mundo tem uma historinha assim,ne´?

Sabe de que me lembrei ao ler esse post? Do conto A Doida, do Drummond! Cê já leu?

Cíntia Mara disse...

Minha prima acredita em vampiros. E lê/vê tudo o que aparece relacionado a eles (o que, cá pra nós, é um saco pra quem não gosta e tem que ficar ouvindo as recomendações dela, hehe) Ela ia querer conhecer esses seus vizinhos.

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